Dispositivo móvel permite fazer teste de pico de asma e preencher o questionário semanal sobre o histórico dos sintomas da doença em tempo real

 

Com o objetivo de  auxiliar o automanejo por pessoas que sofrem de asma, pesquisador da UFAM (Universidade Federal do Amazonas) desenvolve aplicativo em plataforma Android para acompanhamento médico online. O dispositivo móvel permite o paciente realizar o teste de pico de fluxo respiratório e preencher o questionário semanal sobre o histórico dos sintomas da doença em tempo real. 

A plataforma foi desenvolvida no Cetel-UFAM (Centro de Tecnologia Eletrônica e da Informação) em parceria com o Instituto do Coração do Paulo) e no momento encontra-se em avaliação de sua contribuição clínica no referido serviço.  O sistema é constituído por um aplicativo em plataforma Android, uma plataforma WEB onde os médicos podem acompanhar os dados gerados pelos pacientes e um gerenciador de serviços online.

Segundo o idealizador do sistema  e mestre pelo programa de pós-graduação em engenharia elétrica da Ufam, Thales Araújo, a plataforma disponibiliza o banco de dados em tempo real, o envio de notificações e configuração remota mantendo a comunicação rápida entre médico e paciente para um tratamento eficaz.  Dessa forma, a pessoa em tratamento pode receber recomendações do médico por meio de mensagens ou até receber encaminhamento ao ambulatório para avaliação em função de nível de controle da asma.

“A ideia do projeto é oferecer mais uma ferramenta para o processo de tratamento. Um dos principais fatores do tratamento é o automanejo onde as próprias pessoas controlam sua doença. Até então esse controle é feito por um plano de ação por escrito e o objetivo do sistema é aumentar aderência desse automanejo, muitas das vezes dependente da disciplina do paciente”, explicou.

Segundo as diretrizes da SBPT (Sociedade de Pneumologia e Tisiologia), o controle da asma deve suprimir suas manifestações, seja por tratamento ou espontaneamente. As normas explicam que uma das principais dificuldades no tratamento da doença é estabelecer seu nível de controle. As diretrizes internacional e nacional apontam o automanejo como a melhor forma de tratamento de rotina da asma e determinação do nível de controle.

“Esse automanejo é realizado pelo paciente, através do preenchimento semanal de um questionário sobre o histórico dos seus sintomas e pela realização do teste de pico de fluxo expiratório. No entanto, o procedimento de preenchimento manual de um questionário é um dos fatores de redução de aderência ao automanejo pelo paciente. A plataforma veio colaborar nesse tratamento”, explicou a doutora e orientadora do projeto, Marly Guimarães Costa. 

Thales explica que a ferramenta possui funções de fácil acesso onde qualquer pessoa pode manejar e utilizar. Antes de ser finalizado, a plataforma passou por uma análise prévia onde foram verificados as reações de pacientes no processo de tratamento da asma. “Por se tratar de um projeto que lida com saúde de pessoas existe todo um processo de aprovação dos órgãos de controle da saúde, e com isso chegamos fazer uma análise prévia  com alguns pacientes com o objetivo de verificar o funcionamento da plataforma. Os resultados foram bastantes positivos. O uso é simples e qualquer pessoa pode utilizá-lo”, disse.

De acordo com Marly, por se tratar de um sistema que trabalha com o tratamento de saúde, o aplicativo não está disponibilizado em “Play Store”. “Trata-se de um sistema para ser gerido por um serviço ambulatorial de pneumologia e de uso de pacientes vinculados a esse serviço”, disse.

Por dentro

 

A asma é uma doença crônica associada à hiperresponsividade das vias aéreas e obstrução variável do fluxo aéreo, tendo como principais sintomas a falta de ar, aperto no peito e tosse. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que existam 235 milhões de asmáticos no mundo, sendo a doença mais comum entre as crianças. Tem como principais sintomas aperto no peito e tosse. Estes sintomas podem se manifestar várias vezes ao dia e tornar-se pior durante a noite ou durante esforços físicos. Tais manifestações reduzem de sobremaneira a qualidade de vida do portador da doença. 

Segundo o pneumologista e professor da USP na área de doenças respiratórias, Rafael Stelmach, o aplicativo é um projeto piloto em fase de aprovação e vai ser aplicado em um estudo clínico com pacientes que utilizam o sistema tradicional de acompanhamento, para verificar se o sistema pode ser utilizado de forma gratuita para as pessoas em tratamento.

“A asma como toda doença crônica depende do tratamento contínuo do paciente, que tem que tomar remédio todos os dias de manhã e à noite para manter controlada a doença. O fato de existir um sistema e aplicativo usado no celular que permita o paciente de conhecer um pouco a história da sua doença e dividir isso com o médico, isso é interessante pro médico que acompanha sua doença e fazer o seguimento adequado do paciente. Entre os períodos das visitas ao médico não existe o registro da doença. Isso dá uma confiança para acompanhar a doença e orientar o paciente. Esperamos ter os resultados nos próximos meses ou anos, acreditamos que isso é uma inovação e implemento ao tratamento do asmático”, disse.

Passo a passo

O primeiro passo é entrar no aplicativo e acessar as informações do paciente por meio de um login e senha. Após isso, o aplicativo emite um alerta quanto ao uso da aplicação do sistema. Em seguida, ele disponibiliza um questionário com a quantificação da severidade dos sintomas e de fácil preenchimento. Além disso, faz o uso de escala de cores similar a que é usada para avaliação da intensidade da dor dos pacientes pediátricos. Depois, o sistema Asma ChecAPP funciona com o auxílio automático de um aparelho chamado Asthma Monitor, que conectado por um cabo USB ao aparelho celular, vai medir manualmente o fluxo da asma enviando as informações para o aplicativo. Essas informações são processadas em tempo real e enviadas para uma plataforma WEB onde o médico tem acesso de forma rápida. 

 

Semanalmente, quando o usuário preenche o questionário, o aplicativo atribui um score, apresenta o nível de controle da asma, o histórico das últimas 4 semanas e mensagens sugerindo ações de acordo com o score. “Esse automanejo é realizado pelo paciente, através do preenchimento semanal de um questionário sobre o histórico dos seus sintomas e pela realização do teste de pico de fluxo expiratório”, explica Thales.

 

FONTE: JORNAL DO COMÉRCIO (http://www.jcam.com.br/Noticia/Tecnologia-produzida-pela-Ufam-a-servico-da-saude-50827#.XRYTUfZFyUl)